Intangibilidade do Longo Prazo

Yury Moza da Costa
Estudante de Economia UFV
Membro da LANP


O Brasil, assim como outros países vizinhos, passa por uma crise econômica. Diante disso surgem inúmeras propostas de políticas e reformas que visam a saída dessa situação. Dentre elas, percebe-se um fato curioso: as políticas de longo prazo, que exigem um “sacrifício” atual com o fim de obter benefícios futuros, são as que menos tem a aprovação popular. Para iluminar esse assunto, a economia comportamental traz o conceito de tangibilidade e aversão à perda. A primeira se refere à dificuldade das pessoas em abdicar de algo concreto, presente, em favor de um benefício futuro, que é intangível, como, por exemplo, a dieta. Uma refeição altamente calórica é muito mais tangível do que a melhora de saúde que a reeducação alimentar
proporciona.
Já a segunda diz respeito ao fato das pessoas sentirem mais peso na perda do que no ganho, mesmo que no fim o resultado seja o mesmo. Parece corriqueiro pensar que o brasileiro não consegue enxergar no longo prazo. Porém, como visto acima, o comportamento geral das pessoas tende a não abrir mão de recompensas tangíveis, além de serem aversos à perda. Ou seja, o usual é justamente ser contra as reformas de longo prazo porque seus benefícios são intangíveis e seu custo é presente. Isso se reflete na opinião pública. 60% são contra a PEC do Teto, 71% são contra a reforma da Previdência e 58% são contra a reforma trabalhista.
Vale ressaltar que nesses casos se envolvem vários fatores, entretanto, a economia comportamental oferece uma perspectiva que deve ser levada em conta, sendo parte da resposta e promotora de novos questionamentos.



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