Pobreza e aversão ao risco


Hugo Deleon de Freitas
Mestrando em Economia - UFV
Membro da LANP

            Analisando o comportamento das pessoas mais pobres, A. K. Shah et al. (2012) concluíram que a racionalidade dessas pessoas pode se tornar ainda mais limitada devido a atenção desgastada, já que essas pessoas lidam com mais situações estressantes e continuas. Após analisarem resultados que medem a inteligência e o controle cognitivo, A. Mani et al. (2013) concluíram que indivíduos mais pobres, quando estavam pensando sobre suas condições financeira, obtiveram resultados piores em avaliações na qual mediam sua inteligência. Também foi constatado que agricultores obtiveram resultados piores antes de uma determinada colheita, onde eram mais pobres relativamente, do que após a colheita.
            Em relação à aversão ao risco, sabe-se que o indivíduo sempre que abre mão do consumo presente, espera adquirir algo a mais no futuro. No entanto, a taxa de juros para esse tipo de situação está diretamente ligada ao risco que o indivíduo está disposto a correr. Os mais pobres são os que geralmente apresentam uma maior aversão a esse risco. Enquanto as pessoas de renda mais elevadas, com uma aversão ao risco menor, conseguem, em média, elevar ainda mais sua renda, aumentando a disparidade entre pobres e ricos (L. GUISO, M. PAIELLA, 2008).
  Um dos motivos que leva as pessoas de classe mais baixa a serem mais avessas ao risco e não investirem parte de sua renda é o fato delas terem que lidar com riscos inerentes. Essas pessoas geralmente não possuem seguro contra situações inesperadas como quebra de safra, secas ou até mesmo doenças. Por isso, elas preferem manter a liquidez com a renda presente do que ganhos maiores em um longo prazo. (J. W. PRATT, R. ZECKHAUSER, 1987). Para Wood (2003), as famílias pobres enfrentam um trade-off entre liberdade para buscarem melhores condições no futuro e necessidade se se manterem seguras no presente.


REFERÊNCIAS:

L. GUISO, M. PAIELLA, J. Eur. Econ. Assoc. 6, 1109–1150 (2008).

J. W. PRATT, R. ZECKHAUSER, Econometrica 55, 143–154 (1987).

WOOD, G. Staying secure, staying poor: the “faustian bargain”. World Development, v. 31, n. 3, p. 455-471, (2003).

A. K. SHAH, S. MULLAINATHAN, E. SHAFIR, Science 338, 682–685 (2012).

A. MANI, S. MULLAINATHAN, E. SHAFIR, J. ZHAO, Science 341, 976–980 (2013).


Disponível em:

https://lanpeconomiacomportamental.home.blog/2019/01/27/pobreza-e-aversao-ao-risco/

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