A importância da ciência comportamental nas políticas públicas

Luis Felipe de Oliveira Silva Araújo
Membro da Liga Acadêmica Newton Paulo Bueno




            Segundo Nick Chater, para haver uma revolução das politicas públicas é necessários três componentes: Uma ciência comportamental básica e aplicada e métodos rigorosos de avaliação.
            Mas por que as ciências do comportamento são tão importantes nesse processo? Leis são criadas partindo do pressuposto que a população é plenamente racional e que toda informação é absorvida e compreendida pela mesma. No entanto, as ciências do comportamento vêm evidenciando que o homem é um ser com vieses, heurísticas, vícios, etc., e que, por isso, nem sempre toma a posição mais racional.
            Assim, tal ciência surge com o intuito de reduzir a distância da idealização do “homo economicus” com a realidade, procurando assim meios que tornem as políticas públicas mais eficazes. Ainda, segundo Nick Chater, é necessário para a transformação das políticas públicas que o governo seja sensível às demandas da população, empoderador e ergonômico.
            Para isso, é importante que ele tenha a capacidade de receber as demandas e os feedbacks de modo mais instantâneo para auxiliar na tomada de decisão. No Brasil, cerca de 30 prefeituras, como de Juiz de Fora, Teresina, Natal e Curitiba, têm o sistema de aplicativo colab.re em que a população manda suas demandas e dão seus feedbacks diretamente para o governo. Logo, a gestão tem uma maior quantidade de informações para pôr em prática suas ações.
            Além disso, um Estado empoderador é aquele que dá o poder ao povo, sendo por meio de estruturas e informações para que a população tome suas escolhas de forma mais embasada. Neste caso, a função é dar um guia (ou mapa) que auxilie a tomada de decisão da população de forma simples e orientada. Mesmo que dar esse mapa seja uma tarefa complicada, é bem melhor do que nenhuma solução.
            No que diz respeito a ser ergonômico, o governo deve facilitar ao máximo a tomada de decisão dos seus cidadãos voltada a seus próprios interesses. É neste aspecto que ferramentas da economia comportamental devem ser aplicadas. Atualmente, as politicas são feitas como se os indivíduos escolhessem o que lhe é mais vantajoso, no entanto, o comportamento humano tende a ser geralmente reflexo de algo que sempre fazemos ou o que é mais fácil de fazer. Desse modo, é função do governo utilizar o nudge (um empurrãozinho) ou o defaut (escolha padrão) para o indivíduo realizar a ação que lhe é do seu interesse, tendo barreiras psicológicas para atitudes indesejadas.
            Com isso, é notório que o Estado deva recorrer às ciências do comportamento para a formulação de politicas publicas para, assim, visar a eficiência da mesma com o intuito de aprimorar o bem-estar da população.


Bibliografia 

Guia de Economia comportamental experimental páginas 116 – 127 - A revolução da ciência do comportamental nas políticas públicas e em sua implementação – Nick Chater

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