Auxílios da Economia Comportamental para a análise da tomada de decisões
Letícia
Pereira,
Estudante
de graduação em Ciências Econômicas UFV
A economia
comportamental é um campo de estudo relativamente novo, o qual incorpora
análises empíricas do campo da psicologia para analisar a esfera econômica.
Indo contra a perspectiva tradicional do homo
economicus, a economia comportamental descarta a hipótese neoclássica de
que o homem é capaz de tomar decisões racionais, centradas apenas no próprio
interesse e com capacidade ilimitada de processar informações, a fim de
maximizar seu ganho. Portanto, é possível inferir que esse incipiente estudo,
tornou-se essencial para entendermos as decisões individuais bem como
mensurarmos a influência que os fatores emocionais e comportamentais atuam nas
decisões econômicas dos indivíduos, que nem sempre tendem a fazer escolhas
racionais.
Sendo assim,
irei analisar alguns exemplos que foram estudados por grandes escritores e são
presentes em nosso dia-a-dia com o intuito de que possamos compreender a
abrangência e importância da economia comportamental para modelar as decisões
dos agentes de forma mais realista. O primeiro exemplo trata sobre a aversão a
perda, Kahneman e Tversky formularam a Teoria da Perspectiva, a qual evidencia
que nem sempre as decisões são maximizadas, sendo dependentes do contexto e de
como as escolhas são apresentadas. Consideremos o seguinte problema: a) um
ganho de $100 ou b) uma chance de 10% de ganhar $1000 e uma chance de 90% de
não ganhar nada? Ou quem sabe: c) uma perda de $900 ou d) uma chance de 90% de
perder $1000 e uma chance de 10% de não perder nada?
Segundo os
estudos desses autores, bem como apresentado no livro Guia de Economia Comportamental e Experimental, grande parte dos
indivíduos optará pela alternativa sem risco (a), enquanto que na segunda
questão é maior a probabilidade de escolherem a alternativa mais arriscada (d).
Isso pode ser explicado porque abrir mão de algo que temos de maneira certa é
mais doloroso do que o prazer que sentimos por recebê-la. De forma análoga, podemos observar que isso
também tem relação direta e serve para explicar o porquê de tantos cursos oferecidos
gratuitamente têm a princípio um grande número de inscritos, mas posteriormente
poucos são os que concluem esses cursos. Como é algo a ser oferecido sem perda
de dinheiro, esse descaso fica claro. No entanto, caso este curso cobrasse um
valor de $200 para os inscritos e se estes $200 só fossem devolvidos se os
indivíduos concluíssem o curso, será que esse quadro mudaria? Provavelmente
sim, considerando a influência da aversão a perda nas nossas decisões.
Outro exemplo
claro, pode ser observado dentro dos estudos de percepção de preços e valores,
quando tomamos decisões atuando principalmente como consumidores. Dan Ariely, em
seu livro Previsivelmente Irracional:
Aprenda a Tomar Melhores Decisões, aborda um capítulo no qual
evidencia sobre como nós reagimos irracionalmente quando um produto é anunciado
como “grátis”, percebendo-o como um bem mais valioso. Em sua análise ele
observa que quando as pessoas têm a oportunidade de receber qualquer coisa sem
custos, elas deixam de considerar o valor do produto ou serviço. Por exemplo,
uma caneta grátis é predominantemente mais atrativa em relação a uma caneta de
$0,80 do que uma caneta de $1,00 em comparação com outra de $1,80. Para um
indivíduo racional, aquele que os neoclássicos acreditam que somos, a mesma diferença
do preço deveria oferecer a mesma mudança de incentivo na hora de escolhermos o
produto, no entanto, o que se observa na prática é que a carga emocional
afetará a decisão econômica.
Referências
Bibliografia:
Ávila, F.; Bianchi, A.; Motta, L.
Guia de Economia Comportamental e
Experimental. Acesso em: 25 set. 2016
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